Este jardim, no Golfe do Gramacho, apresenta um extenso relvado com a variedade Zoysia tenuifolia, classificada como economizadora de água. Apesar das propriedades de poupança de água deste relvado, este não apresentava resistência suficiente à seca no verão, na encosta virada a sul, murchando cada vez mais.
Nesta situação, o mais conveniente, para todos os intervenientes, era plantar, nesta encosta, um canteiro de plantas mediterrânicas e dispensar a rega gota a gota. O talude revelou-se um desafio, que foi ultrapassado através da realização de sulcos nas curvas de nível, interrompendo-os transversalmente a intervalos mais curtos e, criando assim, pequenas bacias (caldeiras), extremamente importantes, para a rega suplementar com a mangueira.
Um terraço relvado no meu próprio jardim (no Poio) oferecia um acesso inconveniente para o cortador de relva, pelo que me foi mais fácil conduzir aqui esta experiência. A utilização futura do terraço ainda não era ponto assente, daí que me pareceu apropriado convertê-lo num terraço parcialmente plantado com vegetação, mas que não necessitasse de irrigação.
O projeto de construção do jardim em Vale da Lama foi-me entregue no outono de 2021. O terreno, que é diretamente adjacente ao campo de golfe, deveria ser concebido o mais próximo possível da natureza, com o foco na irrigação mínima. Os relvados foram de imediato excluídos.
O proprietário e o arquiteto tinham especificado a conceção do jardim e, por conseguinte, deixaram-me pouca margem de manobra, de forma que pude concentrar-me nos aspetos técnicos e na escolha das plantas. Um desafio particular na preparação deste jardim foi o facto de haver uma infinidade de argila pesada intercalada com pedras. Foi, por isso, necessário recorrer à ajuda de uma escavadora para soltar o solo em profundidade. As pedras à superfície do solo foram recolhidas e transportadas.